Uma flecha sem alvo. Corta o vazio em busca do nada. O veneno em sua ponta lhe aproxima da morte e esquece a vida no arco.
Partir, sabendo que o fim recomeça no extremo. Que o abismo é a queda das próprias ilusões. Que o chão, ou o mar ou o colchão são bases de quem possui a certeza. Eu nunca a tive, e imagino que nunca a dei. Mesmo tentando.
Mulher não quer a solidez de algo que sempre viu como abstrato. Nem que lhe tire a abstração das coisas mais concretas do mundo. Deseja a fantasia de um ser e de um fato. Prefere o engano que a leve até a verdade feita por mil mentiras. Crê no pecado, mesmo ajoelhada aos pés do altar.
Que me perdoem as que não assumem tal declaração. Que me aceitem em passeata, em carnaval, em transe, nos seus momentos, nem raros, de exaltação à loucura.
Que me deixem dormir em teus seios, quando cansado pelo castigo após tentar desvendar o mistério absurdo da costela masculina.
Que me permitem repetir a dose para confirmar sua vulnerabilidade diante do anúncio do orgasmo.
Que tentem trancar as portas ao me ver invadindo seu êxtase. Até entregarem seus pontos, sua força e o respeito forjado a si mesma.
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