segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Poeira no violão

Apesar de tantas peripécias, sei que ainda vivi pouco. Mesmo assim, tenho noção das diversas coisas que deixei de lado, sem ter, para mim, explicações. Não só coisas, como também pessoas que poderiam trilhar um pouco mais desse caminho comigo.

Tenho como medalhão da sorte a minha família, amigos e minha fé intensa em Deus. E sigo acreditando nas palavras de Vinícius de Moraes, que afirmou ser a vida a “arte dos encontros”; apesar de tantos desencontros e perdições.

Não estou nem um pouco interessado em sentir saudade de tudo. No entanto, sinto falta de um contato. Era uma relação íntima e até telepática. Eu conseguia me expressar. Pôr para fora todos os anseios, desejos, aspirações amorosas, a volição pela madrugada e tudo mais que nascesse do ritmo regido pelo coração.

Estava sempre próximo ao meu peito, repousado sobre minhas pernas. Talvez, em 2009 eu possa retomar esse relacionamento. Deito na cama e fico olhando meu violão. Em silêncio. Dentro de uma capa preta. Louco pra sair da escuridão e sentir o meu toque, sob qualquer luz: sol, lâmpada, vela ou lua.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A dúvida do mistério

Uma alma vagava pelas trilhas urbanas da vida. Sabia que cada passo o levaria ao fortalecimento de sua essência. Precisava sentir a noite, a madrugada, o amanhecer e viver todos os sentimentos dessas circunstâncias. Até que alguém o abordou:

- Soube que não foi alvo de diversos olhos familiares nos últimos três dias. Por onde vagou? – ingadou com um tom de preocupação.

- Pelas mesmas estradas, que nunca levam a nenhum fim – respondeu de pronto.

- Mas, é o fim o que procura?

- Não. Até porque o recomeço é executado pelo céu. Inclusive, essa é a maior loucura que sempre presencio. Vejo que o fim não tem fim. Só os incrédulos louvam essa idéia.

- Fico impressionado como você procura o nada e não se cansa, mesmo se deparando com novas auroras.

- Te entendo. Mas, não fui eu quem fixou apenas 24 horas em um dia – acenou em despedida, e retomou sua caminhada.

A união desenhada pelo fim

Ninguém descarta momentos de alegria proporcionados pelas inúmeras festas. Um liga daqui, outro comunica dali. Basta anoitecer para todo mundo se encontrar e confraternizar qualquer coisa. Geralmente, é uma celebração da vida, regada a muita cerveja.

Surge daí um ajuntamento forte. Mesmo que uma pessoa esteja sem dinheiro, isso não se torna problema. Até porque, quando um não tem; o outro tem. E é assim que funciona a amizade. Um amigo salva o outro.

Na mesa, diversos episódios alegres, já vividos, são relembrados. Sorrisos se expandem e contagiam até as mesas vizinhas. O melhor do passado vem à tona, lambuzando o paladar do mais saboroso prazer da vida.

Reparei uma outra adesão. Essa surgida de uma situação fúnebre. Na sentinela de um ente querido efervescem sentimentos que bailam em plena sintonia. Cada olhar reflete a mesma tristeza, a mesma saudade.

Cada satélite transmite um trecho de vida alegre. Com as lágrimas salgando a face, a pessoa segura aquele leve e fraterno sorriso diante de uma lembrança feliz. No entanto, rompe-se o dique e o mar de fúcsia abre seu caminho, já que o que foi não volta mais.

Resta a todos aproveitar mais a vida. Curtir mais ainda os amigos. Porque é óbvio que um dia eles se vão. E não voltarão mais. É necessário criar e recriar momentos; estimular e propagar sorrisos. É preciso ser a vida e dar a vida, para que nem a morte nos separe.

(Vá com Deus Jú)